Crime ambiental na Terra dos Verdes Canaviais. A prefeitura de
Ceará-Mirim despeja diariamente milhares de litros de esgoto sem
tratamento no leito do Rio Ceará-Mirim, que corta o território do
município, distante 38 quilômetros de Natal. Línguas negras se formam em
várias partes do rio. Em alguns locais, os peixes saltam da água,
tamanha a agonia por falta de oxigênio dentro do manancial. A cidade tem
sua própria companhia de águas, o SAAE (Sistema de Abastecimento de
Água e Esgoto), que está com duas bombas d'água quebradas. Além do
esgoto doméstico e industrial, a rede coletora pública também recebe
restos de dejetos de empresas imunizadoras, provenientes de fossas
sépticas. O Matadouro Público também contribui para a sujeira no rio.
A
dimensão das proporções da devassa no manancial aquífero ainda é
desconhecida. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
(Idema), órgão estadual de fiscalização ambiental, informou que já tem
conhecimentodo problema e que vai investigar o caso administrativamente.
O Idema poderá multar o município, que também já enfrenta processo
judicial por causa dos esgotos. Anteontem, o descaso ganhou proporção
nacional quando uma reportagem foi exibida no SBT fazendo a denúncia.
Ontem o Diário esteve em Ceará-Mirim, e verificou como o esgoto in
natura é despejado sem piedade no leito do rio.
Pelo menos em
duas estações elevatórias as bombas não estão funcionando. As lagoas de
estabilização funcionam precariamente. Das três lagoas, uma está
desativada, outra está assoreada e a terceira está funcionando com certa
regularidade. Todas estão totalmente cobertas por mato e cheias de
formigueiros. Não há sequer tratamento preliminar do esgoto. Faltam
grades de contenção de sólido e comportas. Numa ponte que dá acesso à
região das usinas, após a estação de trem, uma língua negra se formou. A
poucos metros dali, um grupo de rapazes tomava banho. "Tá todo
poluído", gritou um deles, antes de cair n'água sem receio.
Mesmo
utilizandoa água do rio, a população também reclama do mau-cheiro e da
poluição no manancial. Maria Cândido, 65 anos, há 34 anos utiliza a água
de um olheiro próximo para lavar roupas. "As pessoas pescam e comem os
peixes e piabas que comem esse esgoto. Eu não como mais nunca,
principalmente depois que vi a seboseira. É água de fezes", afirma.
Josimar da Silva, 34, lavador de carros, também relata a sujeira. "De
longe se sente o fedor. Tem gente que come os peixes daí. Essas pessoas
não têm medo de comer e pegar uma doença".
Fonte; DNONLINE
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